Os paradoxos vieram na medida que procurei esclarecimento,
frustrando as expectativas de conforto existencial. Provando que a vida é uma
aventura, sobretudo, e não um piquenique a sombra da eternidade. Se estou mesmo
aqui, bem assim como me parece, creio, preciso antes de tudo, compreender o básico
para uma convivência entre as diferentes singularidades, no limite da “liberdade”.
Condeno, portanto, somente o que não trabalha a favor desta condição, ou seja,
taxações, valores rígidos, doutrinas virulentas, inflexões. Para produzir a luz
de um valor que permita livre curso as singularidades, que seja capaz de se
contradizer sem por isso se anular. E que apesar de tanto seja simples, e fuja a
prolixidade como quem quer de fato gerar sentido, não apenas um sentido, mas
todos os belos sentidos que se possa atribuir.
De tanto contemplar, pude pensar a beleza. Pensei sobre
sua natureza abstrata. Que tem forma e não tem. Que pode estar e não estar ao
mesmo tempo. A beleza é portanto aquilo que imputa uma sensação de sentido a
vida. Manifestada sobre a matéria ou a imaterialidade, sobre uma flor, ou um
sentimento, de forma coletiva ou individual. A beleza é a poesia contida,
aquilo que de quando em quando nos diz que tudo faz sentido. É o desabrochar de
uma sublime circunstância. É uma aguda sensação intuitiva e complexa que ganha
forma de compreensão. A beleza é uma compreensão que dispensa sentido, uma
compreensão que antecipou sua própria razão.
As diferenças são a riqueza. E os condenados seguem
condenando condenados. Já é tempo de anistiar. Que pobreza pode ser maior que
dois pensamentos idênticos? Mas aparentemente duas pessoas que discordam em
tudo não podem coexistir. Que pobre inflexão. A que ponto chegamos? Já é tempo
de anistiar, de coexistir.
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homem pedindo licença para amar |
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