homem errando um lindo gesto de amor, por pouco
Se todo gesto fosse
de amor, mesmo as más interpretações estariam corretas? Gosto do gesto porque
há nele uma mensagem sem palavras. E nesse tipo de mensagem cabem delicadezas
que jamais poderiam ser ditas. Como não poderiam ser ditas são ainda mais eloquentes
e fatalmente mais sinceras.
A pintura é uma
sobreposição de gestos feitos sobre uma superfície por uma orquestra composta
por mãos, olhos, acidentes, escolhas, arrependimentos e decisões, regida
pelo coração: para outros olhares e corações. Mas assim como um
gesto pode estar impregnado de intenções, essas intenções também estão
impregnadas de gestos reprimidos e palavras não ditas.
Quando pintei o
“homem errando um lindo gesto de amor, por pouco”, entendi que toda a imagem
estaria resolvida no gesto ambivalente do personagem, o gesto sutil que carrega
uma grande tensão. E o que claramente deveria ser um delicado movimento de
segurar uma flor, é imediatamente convertido numa imagem vacilante, através da
interferência do meu gesto de pintor. Quase como uma pane visual, um desarranjo
atmosférico, um defeito. E que desta maneira arranjado, carrega tantas
camadas de argumento que justifica na imperfeição do gesto a sua própria
perfeição. E nos conta coisas como: a perfeição só cabe no que é imperfeito.
Numa pintura e num personagem que são crias do gesto, nascidos para falar sobre
eles mesmos portanto.
Eu estou apaixonada por suas obras, você é muito talentoso, essas obras me trazem tantos sentimentos e interpretações, obrigada por isso e eu sei que a arte nunca vai morrer pois ainda existem artistas como você. Abraços.
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